Wunderkammera
Wunderkammern ou Cabinet de Curiosités eram os nomes dados aos antecessores dos museus que eram colecções de animais ou partes naturalizados ou em frascos, herbários, artefactos etnográficos, fósseis e objectos de arqueologia – objectos de estudo das ciências – mas também obras de arte e objectos de carácter mágico como os bezoares, os cornos de “unicórnio”, fetos teratológicos (monstros) ou ainda as cabeças ‘encolhidas’, entre outros; tudo seguindo o critério do coleccionador.
Cá o termo mais usado é o segundo mas escolhi Wunderkammera (no singular) por causa de Wunder, maravilha.
No dia aberto à família deste ano visitei pela primeira vez o Liceu Pedro Nunes pela mão da minha sobrinha, que me mostrou o Museu das Ciências de que me falara. Este museu já está organizado enquanto tal, não tem objectos alheios às ciências, mas para mim funcionou como um “quarto das maravilhas”: são duas salas na ala das ciências com centenas de animais naturalizados, esqueletos, modelos anatómicos, rochas e minerais, mapas anatómicos, poliedros vários, tudo fascinante, (o meu universo, se pudesse tinha um atelier assim), como já não é o Museu de História Natural.
Depois dessa visita escrevi ao Conselho Directivo a pedir para vir desenhar e fotografar o museu – sem ser com carácter documental ou científico – e depois talvez expor. O prazo de que dispunha era muito curto devido a outros compromissos já assumidos, mas não quis deixar passar a oportunidade e o entusiasmo e assim fiz tudo num repente, ainda a quente.
O estado maravilhado em que fiquei levou a uma impossibilidade que foi a de não conseguir fazer algo tão maravilhoso e vasto e rico como aquilo tudo, fosse em pouco ou em muito tempo.
Passado o choque inicial, impus-me limites e cumpri a tarefa mas que ficou em aberto. Esta exposição traduz o primeiro encontro com o museu e os seus exemplares e a descoberta, aos poucos, de pormenores (aos poucos e em pouco tempo resulta mesmo em muito pouco).
BAP, Maio de 2007
caixa com fotografias a P/B e a cores (as a P/B, além de tiradas, também ampliadas por BAP)
alguns dos desenhos pequenos (menores que A4):
alguns dos desenhos maiores:
35x70cm
35x100cm
57x41cm
67x80cm
fotografias da caixa:
(Paris, 1936)