“oásis”, exposição na íCON, 2023

piscina, 2022, IX, 100x99cm, acrílico, guache, tinta-da-china e pastel de óleo s/papel nativa, 2023, VII, 100x100cm, tinta de água e acrílico s/papel pormenor de voltam as palmeiras pirosas, 2022, 600x119cm = 2(300x119cm), acrílico s/tecido cor-de-rosa claro em cabide gigante em madeira e metal (com cabide dá 3,5m de altura)

 

“Artists don’t necessarily know what their work is about.”

“Artists are people who are not afraid of making fools of themselves as they fall in love with what they might be making.”

Partindo destas citações de Jerry Saltz, para mim são apenas desenhos de piscinas e da única palmeira autóctone, Chamaerops humilis, palmeira-das-vassouras ou palmeira-anã.  Extrapolando e sendo um bocado rebuscado, talvez se levantem questões sobre seca e legitimidade da existência de piscinas – que são contruções que adoro, acho lindas e gosto de usar quando posso – será já considerado politicamente incorrecto? E quanto às palmeiras, e ainda mais rebuscadamente, pode fazer-se uma analogia entre um país, um mundo, só com uma única espécie de palmeiras – imagino um lugar triste e pobre em comparação com o que pode ser outro com a variedade e exuberância de todas ou muitas outras espécies e ecossistemas que as acompanham – e xenofobia. Eu avisei que era rebuscado, de mais mesmo, ridículo até quando estamos em frente a uns meros desenhos de palmeiras; nem eu sei discutir tal, aponto direcções apenas, talvez. Isto tudo porque me pediram para escrever um texto sobre a exposição. “Oásis” porque para mim piscinas e palmeiras são coisas boas, sítios bons, quentes, estamos no Inverno, tenho muito frio, são sítios que aparecem durante a travessia do deserto, que provocam alívio (sim, eu sei, também há a guerra e a inflação e a crise e quem quiser ir por aí, podem ser contrapontos). Mas no fim são apenas desenhos simples, fáceis, óbvios, directos e literais de piscinas e palmeiras. As interpretações e extrapolações ficam para vocês, se me desculpam. Obrigada. Esqueci-me das palmeiras no pano pendurado no cabide gigante: estas são de outras espécies e foram feitas “para servir” o “swiftiano” ou “carrolliano” cabide gigante.

BAP. Janeiro de 2023